Neste mês de agosto a editora Sinodal de São Leopoldo lançou o livro “Verdade ou mentira? Uma análise cristã do fenômeno das fake news”, organizado pela terapeuta Kitty Kurzawa, em parceria com EIRENE do Brasil e CPPC. Os seus capítulos foram escritos por terapeutas e conselheiros pastorais e a finalidade é discutir os prejuízos e a confusão provocados na mente humana, diante da profusão de mentiras que todos os dias são espalhadas, especialmente nas redes sociais. O capítulo de minha autoria se intitula “Verdade e mentira entre a ciência e a fé: a negação e a afirmação da vida na modernidade tardia.” Ele trata de verdades e mentiras que circulam no âmbito do saber científico, provocando dúvidas entre aquelas pessoas que confessam sua fé em um Deus criador e salvador. Desde que em séculos passados foi rejeitada a presença da transcendência no mundo, declarada como não necessária, submetendo todos e tudo à explicacão da lei da causalidade, homens e mulheres foram sendo ausentados do sentido da vida. A realidade vem sendo reduzida a premissas materialistas, a partir da qual o único sentido que se mantêm é o do ganho, da vantagem pessoal, do lucro. Este esvaziamento de propósito para a vida corresponde à negação crescente da condição humana do ser. Aproximamo-nos ligeiramente de um niilismo totalitário, no qual tudo, inclusive pessoas, passa a ser descartável. É indiferente neste nosso meio que se falem verdades, mentiras ou meias verdades, a não ser que seja conveniente e útil. Este casuísmo é um dos últimos acontecimentos da modernidade tardia, aparecendo como explicação para o adoecimento mental e espiritual do ser humano, em escala assustadora. Reecontrar o sentido da vida em Jesus Cristo, no presente tempo, é fundamental para a superação da cultura fake, a fim de que indivíduos passem novamente a ver a si mesmas e aos demais na condição de pessoas.
(Pr. Gerson J. Fischer).